Tô num relacionamento abusivo com meus pais. E agora?
- Amanda Gonzalez
- 23 de mar. de 2017
- 3 min de leitura
Não é só no amor não!

A primeira coisa que nos vem à mente quando se trata de um relacionamento abusivo é a relação amorosa. E não é pra tanto: 95% dos textos postados sobre esse assunto só fala desse tipo de relação. Mas é muito mais comum do que imaginamos – infelizmente – haver uma relação abusiva entre pais e filhos. O assunto começou a ser comentado há pouco tempo, com um texto chamado “Mãe, você é abusiva”, com o qual muitas garotas se identificaram. Essa é a relação mais difícil de ser classificada como abusiva, já que, como são nossos pais que nos educam, acabamos entendendo que aquilo que eles nos ensinam é o certo, que eles sempre agem de forma correta e é tudo em prol do nosso crescimento como pessoa, fazendo com que essas atitudes abusivas sejam mascaradas. Convenhamos que toda essa romantização da figura materna também contribui – e muito – para encobrir esse tipo de relacionamento. “Ah, ela faz isso porque te ama. Afinal, mãe é mãe, né?”
Não é normal seus pais te diminuírem o tempo todo. Não é normal seus pais não valorizarem nada que você faz dentro ou fora de casa. Não é normal que seus pais tenham controle absoluto da sua vida. Não é normal você não ter privacidade dentro de sua própria casa. Não é normal seus pais jogarem na sua cara que pagam tudo pra você e por isso você tem que retribuir a altura. Não é normal seus pais ficarem te comparando com outros o tempo todo, mostrando como são melhores que você. Se essas coisas acontecem com você, temos um recadinho: VOCÊ ESTÁ NUM RELACIONAMENTO ABUSIVO! Mas calma. Respira. Você pode sair disso.
É difícil saber o que fazer a partir do momento em que você se vê num relacionamento abusivo. Principalmente com os pais. Essa é uma relação na qual você está inserida(o) desde que nasceu. É realmente algo muito delicado, é necessário saber medir as suas palavras e, claro, muuuuita paciência. E para provar que é possível sair disso, conversamos com a estagiária Juliana Cardoso, 19 anos. O caso dela é um pouco especial: quem criou ela foi sua madrinha, a qual a criou como se fosse sua própria mãe.
“Comecei a perceber que era abusivo (seu relacionamento com a madrinha) quando estava frequentando o psicólogo e quando comecei a namorar, meu namorado me fez enxergar muitas coisas” Juliana contou pra gente. Isso aconteceu há dois anos, quando ela tinha apenas 17.
É sempre importante ouvir pessoas que estão frequentemente com você, como seu(sua) namorado(a). É difícil enxergar quando estamos dentro da situação e uma visão de fora pode ser de grande ajuda. Assim que a Ju percebeu e aceitou sua situação, tudo começou a mudar. “Quando percebi, comecei a bater de frente, pois até então eu achava normal e comum me sentir culpada por tudo e me sentir inferior a outras pessoas. Comecei a discutir e a problematizar as coisas abusivas que aconteciam”. Ela nos contou também que uma das melhores formas de se desfazer desse relacionamento foi fazendo a sua madrinha se colocar no seu lugar, revertendo as situações. Isso acabou fazendo com que muitas coisas mudassem. Ela ainda confessou que começar a trabalhar e pagar suas próprias coisas foi algo que libertou ela de muitas situações.
Mas a principal arma é a boa e velha conversa. Chame seus pais para conversar. Faça com que eles se coloquem no seu lugar. Tenha calma, até porque esse processo de desconstrução é lento e complicado. Vá sempre mostrando como essas situações são prejudiciais. Você vai ver que, com calma e carinho, tudo vai se resolver com o tempo! E se você não está numa relação abusiva, mas conhece alguém que está, converse com essa pessoa! Mostre pra ela que isso pode, sim, melhorar e mostre seu apoio, porque um ombro amigo é sempre mais que bem vindo nessas situações!
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